A MÃE DO PAI: (uma linda reflexão para quem é mãe de menino e nora)
A mãe da mãe tem as portas abertas.
Liberdade, intimidade, jeitinho.
É coadjuvante da novidade, doadora silenciosa do amor.
Cúmplice de uma nova mãe que merece e precisa da sua presença.
Mas e a mãe do pai?
Quão difícil deve ser mãe do pai.
Achar a brecha, encontrar o lugar, se chegar.
A mãe do pai não tem quem ajudar nas posições das mamadas, não tem quem fazer compressas pré amamentação.
Para isso já existe a mãe da mãe.
É ela quem o coração de filha pede.
E assim, a mãe do pai fica ali, observando de perto mas de longe.
A mãe do pai não tem desculpas para visitas demasiadamente prolongadas.
Precisa ir na coragem, na boa cara de pau, na fé.
A mãe do pai não pode ligar 3x ao dia para saber como está o toquinho de gente que fez seu coração explodir mais uma vez.
Ser mãe do pai é presenciar o filho se descobrir na paternidade, e ao mesmo tempo ter relances do garotinho que ontem segurava sua mão, e agora segura um bebê.
Ser mãe do pai é querer beijar, abraçar, palpitar na vida de um bebê que é tão seu, mas nem tanto.
É o amor incondicional que não pode chegar arrombando, precisa ser manso, bater na porta.
Ser mãe do pai é ter que aprender a respeitar a ordem do tempo e principalmente das coisas.
É o amor resiliente, humilde, paciente.
Tenho a impressão que ser mãe do pai é o mais paciente dos amores.
É a união do amor com a espera.
Espera pelo momento, pela sua hora.
É falar, já que às vezes o amor fala demais, e se arrepender.
A verdade, que não se pode negar, é que a mesma frase dita pela mãe da mãe, é recebida de forma diferente quando dita pela mãe do pai.
Ser mãe do pai é enxergar em outra mulher não somente a esposa do filho, mas a guardiã e mãe do novo ser que é tão importante na sua vida.
Ser mãe do pai é um papel tão complexo que assusta.
E me traz uma ponta de tristeza, pois um dia será a minha vez.
E uma ponta de vergonha, já que lembro da minha sogra e da sua jornada como mãe de pai.
Pensando assim meu coração me pede mais paciência, compreensão, tolerância.
Me pede para lembrar que quando o assunto é amor para os meus filhos, seja da mãe da mãe, ou da mãe do pai, nunca é demais.
OBSERVAÇÃO E NOTA DA AUTORA:
Lendo alguns comentários gostaria de esclarecer aqui que tenho consciência que nem toda sogra é “perfeita”, assim como nem toda nora, e nem todo marido, e nem toda mãe, e nem todo o filho, e a lista não tem fim.
O texto foi uma reflexão, como mãe de meninos e como nora que sou, da complexidade que é ser avó paterna.
Muitas vezes é preciso mais tolerância e empatia de todos os lados. Se colocar no lugar.
Todas nós somos mães perfeitas até o dia que temos um filho.
O mesmo é válido para o papel de sogra. Todas nós somos sogras perfeitas, até o dia que realmente temos uma nora.
Vale lembrar que não importa quem começou com os atritos, o primeiro a perdoar e a andar em direção ao amor é sempre o mais feliz.
E isso vale para a convivência com a sogra, para relacionamentos amorosos, para amizade, e para a vida.
Algo que com muita dificuldade tenho tentado aprender e por isso estas palavras, e por isso este texto.
Autora: @a.maternidade – Rafaela Carvalho
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